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Não Há Ativismo Ético no Capitalismo: DAO, DeFi e Políticas de Purismo

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Por Emmi Bevensee. Artigo original: No Ethical Activism Under Capitalism: DAOs, DeFi, and Purity Politics, 17 de dezembro de 2021. Traduzido para o português por p1x0.

Saludos amigues, soy p1x0, Tradutor & anarquiste de vila, interessado na superação do Estado das coisas como estão. Considere apoiar meu trabalho Clicando Aqui.

Desista de suas políticas de pureza e preste atenção às coisas fora do seu campo ou você vai acabar esmagado por um mundo em constante mudança e perder oportunidades significantes.

Por isso, um espaço ao qual venho prestando atenção é o das Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs). Apesar do fato delas geralmente estarem relacionadas a coisas de garotos malvados Malignos como capital especulativo e escassez artificial, as DAOs têm o potencial de significaticamente impactar a economia global nas próximas décadas.1 Mesmo se você pensa que DeFi e cripto são horríveis (e existem bons motivos para se sentir assim, como golpes e emissões de carbono), você ainda deveria estar prestando atenção nelas mesmo que somente por terem uma chance muito maior de impactar dramaticamente as economias globais do que, digamos, o neo-estalinismo. Um dos principais motivos é que, apesar das associações públicas de criptomoedas com libertarianos de direita e/ou finance bros, existem poderosas inovações em governança e alocação de bens públicos às margens que deveriam ser de sério interesse para qualquer um sinceramente comprometido em ajudar outros.

Do que diabos você está falando ?

Antes de continuar, vamos definir alguns termos:

• Web3: Um campo amplo, ainda sendo definido, mas que gesticula em direção a descentralização da internet onde usuários controlam seus dados, interações podem ser diretas, e grandes corporações não mediam transações. Vale apontar que existem muitos projetos legais de web descentralizada que não são moedas como a ferramenta Āhau e o protocolo de “fofoca Secure-Scuttlebutt. Aqui, um amigo define os termos e fala sobre algumas de suas preocupações e esperanças na Web3, especialmente re-organizando governança, e problemas de coordenação.

• Blockchain: Um livro-caixa descentralizado usado para criar consenso entre quem controla quais bens em vários (mas não todos) projetos da web3 mas especialmente criptomoedas.

Ethereum: “Ethereum é uma tecnologia controlada pela comunidade sustentando a criptomoeda ether (ETH) e milhares de aplicações descentralizadas”. Desde sua criação outras aplicações têm feito o que ETH faz, de forma mais barata (tanto em custo e preocupações ambientais) apesar de que logo, a ETH será atualizada.

• Contratos Inteligentes: Como vending machines feitas de código , que operam automaticamente e em blockchains. Contratos Inteligentes são basicamente um conjunto de regras, programadas sobre protocolos descentralizados como os tokens da Ethereum que executa ações quando certas condições são atingidas. Esta é parte da camada de “dinheiro programável” que revolucionou as criptomoedas para além do protótipo estático, entediante, e ecocida que é a Bitcoin.

• DAO: Organizações Autônomas Descentralizadas, primeiro vistas na Ethereum, permite desenvolvedores criarem apps onde usuários interagem com vários protocolos para criar tecnologias sociais e econômicas mais complexas. Estas geralmente utilizam contratos inteligentes. Alguns exemplos são coisas comolending pools onde ninguém vai checar seu crédito (pois é super-colaterizado e automatizado). Aqui temos um breve resumo do que são as DAOS. Eles as descrevem assim: “DAOs são nativas da Web3, e portanto elas tendem a serem organizadas de acordo com os valores da tecnologia de blockchain: abertura, transparência, e descentralização. DAOs são um modelo emergente para facilitação e coordenação em escala humana de forma que dá a seus membros autonomia sobre seu trabalho e reduz questões relacionadas à lentidão da burocracia.”

• Igualdade/Derivativos/Put/Long/Sintéticos: Ehhhhhh, isso são só coisas stonks. Não se preocupe demais com esses instrumentos financeiros exceto se você realmente quiser se aprofundar no assunto. TradFi se refere ao mundo das “Finanças Tradicionais” onde esses mecanismos financeiros emergiram, em oposição ao DeFi (finanças descentralizadas) onde muitas DAOs vivem agora. Existem muitas maneiras que uma DAO faz dinheiro para investidores DeFi. No geral os protocolos e contratos inteligentes te recompensam por coisas como oferecer liquidez para a rede; muito próximo de como um banco faz com pequenos pagamentos por deixá-los investir seu dinheiro. Como a Web3 é muito modular, o espaço criativo para estas DAOs para interagir é muito mais complexo do que é possível no TradFi.

Impacto, pureza, e dinheiro

Uma das mais sólidas críticas ao capitalismo (ou consequencialismo) que já ouvi (geralmente, vindas de ex-anarquistas) é que ele é muito difícil. E talvez seja. Problemas complexos não possuem soluções puras e simples. Eles têm escalas de compensações e inventividade em suas margens. Nossa melhor esperança com resolução coletiva de problemas complexos geralmente é que táticas pró-sociais e estruturas de incentivo se proliferam rapidamente em uma cascata de ações paralelas. Mas no fim do dia, se você tentar mudar qualquer coisa neste mundo fodido, você terá que sujar as mãos.

Tome por exemplo, dinheiro. Interagindo com dinheiro, seja de que modo for, você foi tocado pelo capitalismo, maculado por ele por mera associação. Afinal, mercados capitalistas são inerentemente competitivos e de soma zero, capturados pelas elites, tendem a desigualdade, usados para exploração e destruição, etc. Pessoas de esquerda responderam a isso com o atual Discurso de que “não há consumo ético dentro do capitalismo” como um desafio para o pensamento individualista vulgar que diminuía abordagens sistêmicas que se proliferaram através de campanhas feministas liberais e esquemas de greenwashing isso sem nem entrar em preocupações mais abstratas ao redor da Forma Valor ou lucros sendo a corrupção de promessas através de matemática e violência e afins).

Mas se você for um purista anti-dinheiro, vai acabar rapidamente se enfiando em posições bastante confusas.

Você é contra ‘ações diretas baseadas em reparações financeiras’ ?

Você é contra imigrantes enviando valores de volta a suas famílias ?

Supondo que estamos todos na mesma página que, relativo a nosso momento político e econômico, doar algum dinheiro para uma pessoa sem-teto não é Inerentemente Ruim Eticamente™, então nós podemos reconhecer alguns usos relevantes para o dinheiro no mundo real.

Parte do problema aqui é que o colapso de escalas de malefício em quão cooptada e comprometida dada tática é no binário do Bom versus Mau. Sim, o capitalismo é definido por mercados capturados e dinheiro/mercados possuem alguns incentivos perversos mesmo se nos livrarmos de tudo que é inerentemente maligno. Talvez haja formas alternativas de nos organizarmos, mas basicamente tudo que as pessoas sugeriram vêm de contrapartidas. Dada a necessidade da ação, deveríamos nos tornar confortáveis com a complexidade.

Afinal de contas, direcionar dinheiro para pessoas racializadas e movimentos radicais do sul global é altruísmo efetivo Bom e Puro em uma escala que faria Ydowsky tremer em confusão. Talvez projetos como Popcorn DAO não sejam exatamente isso, mas podem (e às vezes querem) ser levados a esta direção.

E mais, as mesmas compensações existem em todo ativismo.

Uma barricada de pneus em chamas, na defesa pelo território, é o ideal para o ambiente ? Não.

Eu vou criticar indígenas radicais lutando contra o genocídio, a destruição de suas fontes de água, e contínua expropriação por usarem as ferramentas que estão disponíveis ? Porra, com certeza não.

Bloquear uma estrada contribui para as emissões de carbono por conta dos motores ligados ? Sim.

Nós deveríamos descartar totalmente essa tática ? Acho que não, meus parças.

Etc.

Então, é nítido que algumas táticas são mais ou menos cooptadas e fundamentalmente comprometidas do que outras (vide: críticas ao reformismo) e nós deveríamos as distinguir dentro destas linhas, mas se você quer ser puro, então mudar as coisas para melhor não deveria ser seu objetivo. Interagir com sistemas complexos necessariamente significa externalidades negativas não desejáveis. O melhor que você pode fazer são questionamentos honestos e mudanças conforme suas táticas se desenvolvem através de testes, mas no fim do dia todas as formas de ativismo são uma aposta. Alguns niilistas que se consideram crianças muito legais, as vezes enxergam esta dinâmica e desistem da modelagem de sistemas complexos, mas isso me parece um pouco covarde, mesmo que as críticas pós-esquerda do ‘ativismo’ como um conceito aparentemente salvador, mas inefetivo, sejam válidos e importantes. Você não pode desmontar a casa do mestre com as ferramentas do mestre, mas você ainda pode arrebentar muita coisa da melhor forma.

DAOs e DeFi, são bons ?

Então, tudo é ruim e algumas coisas são piores. Onde isso nos deixa? Recentemente eu estive prestando muita atenção ao espaço das DeFi como algo que é nitidamente disruptivo a certas formas ao capitalismo como o conhecemos (isso é, baixo obstáculo para a entrada de pessoas de fora das metrópoles globais para conseguir empréstimos por conta de super-colaterizações), mesmo que de muitas formas isto replique os mesmos mecanismos financeiros (bonding, derivatives, shorts, longs, put, etc).

Alguns destes exemplos estão nos espaços das DAO. DAOs são Organizações Autônomas Descentralizadas e são basicamente um app que automaticamente move crypto-tokens ao redor de acordo com algumas regras sobre como eles deveriam ser organizados. Nas formas mais descentralizadas, estas plataformas são completamente governadas pela comunidade de proprietários. Outros assumem confiança fora da corrente com um coletivo com as chaves da tesouraria. Atualmente votos nas DAO são um campo em disputa já que geralmente dinheiro = votos, mas há uma gama de projetos como o voto de convicção, voto quadrático, e outros que artigos como este descrevem, em paralelo a projetos como Aragon para modulação da governança das DAO. Na minha experiência o espaço das DAO é menos ideologicamente rígido do que o dos libertarianos de direita e mais propício ao dinâmicas sindicalistas e afins. De fato, uma cooperativa de desenvolvedores da web3 chamada dOrg já se formou e é a primeira DAO com LLC.2 Um de seus quadros recentemente foi entrevistado pelo “The Blockchain Socialist” que disse o seguinte sobre sindicatos nas DAOs:

(Worth noting that these dynamics of getting kicked out of banks and payment processors apply to all radicals and marginalized laborers such as sex workers.)

Dentro destes sistemas obviamente orientados pelo capitalismo e pelos mercados, existem janelas para radicalismo ou ao menos redução de danos? Para mim, a resposta é sem dúvida sim (ao menos para o caso da redução de danos) desde que você não se alinhe com um hiper-campismo e o pecado original da proximidade com o libertarianismo. Minimamente, existem muitos projetos legais surgindo, propostos por pessoas racializadas.

Aqui estão um par de tuítes 3 mencionando alguns dos mais interessante:

(Vale apontar que o Black Socialists of America sempre foi consistente na execução das tradições/teorias de coletivos e cooperativas negras radicais inclusive em espaços da web3. Ao ponto de sere duramente atacados e criticados por tankies.)

Comprar de volta e repatriar arte africana roubada? Financiar retomadas de terras indígenas (um amigo meu está operando uma carteira OHM coletiva com gnosis safe onde eles concordaram em redistribuir as recompensas para projetos de retomadas depois de um ano)? Apoiar coletivos de pessoas racializadas ? É preciso ser muito arrogante para sugerir que todas estas pessoas são burras de mais para perceberem quão cooptadas suas táticas são (apesar de que, o twitter eventualmente produz toda opinião idiota possível).

Para além apenas deste pensamento, nós também temos outras provas do conceito acontecendo em projetos como KlimaDAO que em menos de um mês comprou mais de 10 milhões de toneladas de créditos de carbono ao adicionar uma camada de capital especulativo sobre sua missão. Há inúmeras críticas a serem feitas sobre mercados de carbono em um planeta moribundo mas se você de fato olhar para os créditos sendo transparentemente comprados pela tesouraria da KlimaDAO (via Verra e o protocolo Toucan), vai perceber que estão apoiando coisas bem fofinhas como barragens hidroelétricas na Índia e reflorestamento na América do Sul. Além disso, eles lidam diretamente algumas das críticas aos mercados de carbono em seus documentos, e mais abertamente ainda discordam.

É irônico para o Klima estar sequestrando carbono via o que é basicamente um banco de dados produtor de carbono redundante descentralizado? Com certeza. A prova de participação produz carbono e a prova de trabalho é ainda mais horrível. E ao mesmo tempo, muitos investidores são entusiastas com relação aos créditos de carbono conforme projetos como a Klima DAO absorvem os créditos baratos. O fato que tecnologia e instrumentos financeiros ao redor do Klima parecem estar funcionando como esperado (exceto pelo intenso colapso dos preços acontecendo neste exato momento hahahahahah /chora) sugere a possibilidade de uma ampla gama de projetos criativamente impactantes baseados em ciência climática. E de fato, há muitos outros projetos de blockchain supostamente negativas em carbono incluindo a nova Mobile Coin criada para ser sincronizada com o Signal Messenger assim como umas coisas bastante solarpunk sendo financiadas.

KlimaDAO é um fork do OlympusDAO (OHM) que está criando uma reserva descentralizada para o ecossistema crypto. Eu suponho que a energia de “vamos abolir o banco nacional” deveria ser um chamariz para os ancap, mas (feliz e) surpreendentemente eu não os vi significativamente envolvidos. Independente de quais ideologias possam gostar da ideia, se a Olympus continuar a funcionar como é publicizada, então seus projetos ela e seus projetos podem ser disruptivos para o capitalismo de estados-nação em uma escala internacional. A razão mais óbvia é porque muitos dos projetos não exigem qualquer prova de identidade (muito menos cidadania!). Por si só, isso já limita o apartheid que é um aspecto do imperialismo global. Sobre tudo isso, como o aplicativo de trading Robinhood, estes protocolos (especialmente os que estão fora de redes caras como a Ethereum) permitem que as pessoas façam dinheiro com pequenas quantias de dinheiro mas sem a verificação de identidades nacionais. Elas funcionam de forma inerentemente semelhante aos negócios internacionais nativos de formas que corporações não são capazes. Mesmo o mecanismo central de muitos destes projetos é um tipo de poder dual que poderia mudar dramaticamente a relação das pessoas com os estados que as governam conforme as partes se mostram claramente inferiores. Eu não ouvi ninguém na OlympusDAO dizer que eles buscam superar o USD como a reserva monetária global, mas eles podem acabar sendo capazes.

Os Estados vão tentar atacar a todo ponto de estrangulamento centralizado como o integração de divisas e tachas que puderem caso vários esquemas de criptomoedas se tornem uma ameaça séria A questão é se seus esforços darão resultado. Obviamente bancos centrais e agências reguladoras estão extremamente nervosas, e possivelmente vão reagir contra sistemas que não precisam de permissões para cooperação internacional envolvendo moedas competitivas (mesmo enquanto estados e bancos centrais criam suas próprias criptomoedas). Mas na maior parte, eles apenas não foram criados para a escala de descentralização que tipifica a web3. Surpreendentemente, esses parágrafos da Foreign Policy resume bem o tema:

A Administração Federal de Drogas e Alimentos foi criado para regular a Merck e a Pfizer, não 1 milhão de biohackers; Administração Federal de Aviação foi criada para a Boeing e a Airbus, não 1 milhão de hobbystas com drones; e Comissão de Comércio e Segurança dos EUA foi criada para ir atrás da Goldman Sachs e do Morgan Stanley, não 1 milhão de desenvolvedores da web3.”

Em contraste com esta falha sistêmica, na web3, há um certo grau de liberdade sem leis e responsabilidade coletiva que é possível através de protocolos democráticos.

Entretanto, nossa imaginação não deveria parar por aí. E se você pudesse ser pago para dar dinheiro diretamente aos campesinos (indígenas agricultores de subsistência) protegendo e cultivando terras sagradas contra multinacionais extrativistas e imperialistas? Parece estranho, mas seria legal, certo? Este é o tipo de projeto que o Kolektivo DAO já está operando.

Há um argumento mais amplo sobre incentivos, uma domínio que a maioria dos esquerdistas infelizmente dão pouca atenção fora dos textos clássicos. Parte disso pode ser uma compreensível reação contra os que pensam que você pode teorizar como um mundo futuro seria e parte pode ser uma ação defensiva para não ter que debater críticas sobre abusos dentro da esquerda. Independentemente, há o argumento básico de que incentivos importam quando se trata de criar o mundo que queremos (ou quando nós apenas tentamos impedir que o que já temos vire um apocalipse).

Com dinheiro programável e contratos-inteligentes você pode, até certo ponto, simplesmente criar incentivos cooperativos da teoria dos jogos no aqui e agora de formas que os comunistas-autoritários pensam que o Novo Homem Socialista faria (mas por algum motivo, nunca o faz) ou que o capitalismo mõe. O capitalismo não dá a mínima para a propriedade ambiental comum e análises ostromianas enfrentam sérios problemas de escala quando temos aplicá-las aos bens comuns internacionais sem a construção de confiança local. Mas e se confiança pessoal não fosse uma exigência para escalar o terrível problema da preservação global? Não estou dizendo que as DAOs respondem a isso (especialmente, não sozinhas), mas muitas pessoas estão criando inovações interessantes neste campo.

Um punhado de projetos estão agora focando nestas inovações em preservação por um ponto de vista ostromiano, chegando até mesmo a adotar a Análise Institucional e de Desenvolvimento de Ostrom (IAD) nos objetivos de seus projetos. GitcoinDAO, o CommonsStack, Token Engineering Commons, 1Hive, e PrimeDAO estão trabalhando para criar ferramentas capazes de permitir a cooperação entre DAOs e protocolos. Todas elas são ostensivas, na sua mensagem para o exterior e suas práticas diárias, projetos geridos coletivamente que estão buscando construir ferramentas de código aberto, disponíveis livremente e componentes para economias cooperativas capazes de crescer em escala nas blockchains. E por mais que dentro dos espaços das blockchain haja um movimento em direção a “ditaduras progressivas”, onde empresas e protocolos começam como fortemente influenciados por seus fundadores, tanto em visão de produto quanto sua propriedade, projetos como o 1Hive buscam mostrar que é viável primeiro criar uma comunidade, chegando a forjar um alinhamento produto-comunidade vs um alinhamento produto-mercado. GitcoinDAO pôs $40M na comunidade de código aberto usando o voto quadrático para deixar que as pessoas expressassem melhor quais suas preferências. E esta não é mais uma caridade — eles estão usando essas quantias para financiar projetos que constroem componentes de código aberto que acabam voltando para a economia criada pela Gitcoin, com o objetivo final de construir e financiar bens públicos sustentáveis. Solidariedade, não caridade.

É nítido que há uma forte corrente tentando levar o capital especulativo em direção de bens comuns sustentáveis, de onde a maioria das pessoas pode participar e se beneficiar. A CommonsStack meio que lidera este caminho — eles se incorporaram na Suíça como uma fundação para limitar os riscos de seus participantes, e você pode participar a partir de $425 (pagos em DAI), ou você pode fazer certas tarefas e participar trabalhando. Esses são estritamente estruturados para limitar alguns dos piores comportamentos acumulativos do capital especulativo.

Há um argumento a ser feito (primeiramente por marxistas) que o capital especulativo é inerentemente ruim. E por certo, qualquer um com acesso a internet poderia verificar o quanto o nosso mundo está sendo fodido pelas apostas egocêntricas dos ultra-ricos (apesar dessa crítica ignorar evidências históricas do capitalismo que de fato existiu, assim como a história dos mercados que de fato existiram e operaram em sociedades sem estado). Mas mesmo se o DeFi herdar as lógicas do tradFi em muitos aspectos, há uma grande distância entre dar a seu um pouco de lenha para que seu amigo possa construir um balanço do qual ambos vão se beneficiar e a bolsa de valores dos EUA .4

Há também o valor da vivência, tanto em termos de expor pessoas a novas possibilidades e transmitir a experiência necessária para incorporar formas de vida alternativas. Um dos maiores infortúnios dos movimentos socialistas de massa do século 19 e começo do século 20 foi o fracasso em promover formas alternativas de se fazerem as coisas, no aqui e agora (encorajada por uma visão de mudança social como vindo dos bons socialistas tomando a massa da indústria centralizada por meios eleitorais ou revolucionários). Um grande problema com um modelo de mudança social que defende grandes rupturas entre formas radicalmente diferentes de se fazer as coisas é que as pessoas (mesmo radicais) realmente subestimam quão complexo nosso mundo atual é e o quanto dele nós navegamos através do “senso comum” acumulado.

Além disso, vivências práticas ou exposição a alternativas é para a maior parte da população o argumento mais persuasivo de porque elas deveriam considerar um mundo diferente, isso sem mencionar, lutar por ele. E isso não é mera especulação (haha). Por exemplo, a classe de pessoas mais provável de se tornarem radicais anticapitalistas até o fim do século 19 não eram as massas de trabalhadores despossuídos, mas, ao invés, os artesãos habilitados/desabilitados que estavam lutavam contra as ameaças a sua autonomia. Dê às pessoas algo concreto e útil que elas possam experienciar, trabalhar em direção a, ou proteger,, não promessas de um futuro baseado em argumentos abstratos.

Aceitando Riscos

Na minha opinião, criptomoedas, DAOs, e similares não são inerentemente radicais e não são ação direta (apesar de às vezes elas parecem que são as armas que nós temos). Como outras táticas, ela são apenas ferramentas. Protestos podem ser usados para coisas bastante imbecis como negacionismo do COVID-19 ou para coisas maneiríssimas como derrubar regimes autoritários corruptos ou retomar terras indígenas. Tudo depende somente de contexto e aplicação. Estas novas formas de tecnologia vão continuar a reforçar ou desarticular as várias instituições que nitidamente não são capazes de lidar com os vários problemas e riscos existenciais que todos enfrentamos.

DeFi é inerentemente arriscado. O capital especulativo é feito de apostas e existem muitos charlatões por lá. Eu não tenho dúvidas de que existem muitas bolhas de criptomoedas que logo vão estourar e mesmo muitos outros projetos baseados em cripto provavelmente vão explodir em utilidade e valor ao longo da próxima década. Mas, dito tudo isso, se há um caminho que um coletivo de trabalhadores sexuais ou ativistas, ou artistas freelance marginalizados possa compartilhar acúmulos com 150% APY (porcentagem anual movimentada, isso é, o banco te dando 0.6% de bônus por você deixar que usem seu dinheiro) e tenham riscos relativamente baixos, então há sentido em sermos ao menos curiosos. Melhor ainda quando a maioria destes projetos são completamente código aberto, auditados de forma independente, e sejam construídos com recompensas a quem encontrar bugs.

Ancaps, fascistas, e libertarianos de direita vão continuar a se tornarem ricos com cripto (e desperdiçar dinheiro em vários esquemas de pirâmide), enquanto também desenvolvem suas infraestruturas e influências nestes espaços independente do que anticapitalistas, queers, pessoas racializadas, e outras pessoas marginalizadas passem a firmar sua presença em ambientes geralmente com sabor de pepe the frog. Pessoalmente, se existe uma chance de .00001% de que todos meus amigos radicais possam se aposentar e se dedicarem a trabalhos significantes que eu sei que eles fazem enquanto apoiam tecnologias emergentes que podem ser usadas para fins mais radicais, então, no mínimo eu quero muito ???

Há também um potencial seriamente pouco apreciado para o financiamento de bens públicos. O estado democrático de bem estar social do meio do século de fato melhorou coisas para muitas pessoas. Mas ele tinha falhas sérias, especialmente por estar fundamentalmente ligado aos mecanismos de estado-nação que precisavam criar renda através de impostos para fortalecer o capitalismo e também criou um ponto único de falha que era fácil de ser atacado. Bens públicos financiados e coordenados usando a blockchain são muito menos vulneráveis a tais problemas. Projetos como o Protocol Labs e o IPFS estão trabalhando em infraestruturas públicas para combater AWS etc. Mais que isso, a relativa falta de inovação nesta área (pois ele foi amarrado ao estado conforme formas mais descentralizadas de apoio mútuo foram secando) potencialmente significa que há muitos problemas facilmente resolvíveis agora que a computação e manufaturas caseiras se tornaram significativamente mais baratas.Também existem recursos significantes que poderiam ser empregados aqui (veja como, para sua campanha, Bernie Sander arrecadou $200,000,000). Isso pode não soar como muito quando comparado ao que os Estados Unidos e outros governos gastaram em bem estar, mas e estou certo sobre os problemas mais facilmente resolvíveis sendo acessados, milhões sendo direcionados por uma rede policêntrica de organizações autônomas (como feitas atualmente por projetos como o incrível Open Collective que estão atualmente traçando uma ‘saída para a comunidade’) podem fazer muito mais do que um grande governos burocratizados que possuem bilhões 5.

O futuro das DAOS provavelmente não será inerentemente positivo. Elas são parte de uma onda de tecnologias super empoderadoras que poderiam ter um apelo universal tanto para as pessoas boas quanto ruins e não há forma de impedir que as ruins tirem proveito delas também. Com certeza, existem esquemas de pump and dump6 e campanhas de financiamento nazistas mas,você não tenta abolir livros porque existem livros terríveis. Invés disso, você tenta incentivar o que encontrar de bom. O trem deixou a estação e nós não podemos ir de marcha ré. Como meu amigo Jahed disse, “Ou você participa e dobra a vontade dessa coisa na sua direção, ou você literalmente remove sua própria agência e se torna um personagem não-jogável. Não há motivo para você se tornar um NPC.” Obviamente este campo não é acessível ou desejável para todos, mas mesmo que você pense nas cripto como o estágio mais tardio do capitalismo tardio, ainda há motivos para de fato entender como elas funcionam para que você possa fazer mais do que apenas reagir a ela.

Nenhum de nós gosta do capitalismo mas há pontos de pressão liberatórios pontos de pressão coletivos liberatórios, ilegibilidade e mecanismos de escape dentro dos sistemas de troca que marginalizaram culturas de troca e outros sempre as utilizaram. Eu sei que não vou convencer niilistas anticiv insurrectos com este discurso (apesar de que, vendo quantos postam no Twitter, talvez eles venham conferir e aprovar uma potencial DAO para Abolir a Civilização), mas eu tenho esperanças que esquerdistas que sejam amigáveis as tecnologias, anarquistas, solarpunks, mutualistas, cooperativas, coletivos, espaços de organização, e comunidades que historicamente possuem early adopters para novas tecnologias como trabalhadores sexuais, a considerem com mais profundidade.

Pode não haver ativismo ético no capitalismo, mas você provavelmente ainda deveria tentar.

Notas

1. Eu e alguns amigos tivemos uma conversa interessante sobre escassez na DeFi onde muito do mundo da defi web3 é sobre financeirização de formas que são inerentemente escassas (por exemplo, NFTs) em oposição a relativa abundância de, digamos, a era do torrent p2p. Eu argumento que escassez em mecanismos financeiros costumam ser necessárias para resolver a necessidade de alocação em escala mas é válido perceber que as dinâmicas de extração, rentismo, desigualdade, etc para as quais o capitalismo pede podem ser recriadas nestes domínios a menos que se façam esforços para apoiar tendências mais centrífugas e comunais em mercados descentralizados. Ainda é preciso de mais teorias para se entender o quanto as DeFi e DAOs poderiam abolir classes rentistas extrativistas ou se elas só significam que seu chefe é um computador e você deve dinheiro a ele. Aqui temos algumas piadas sobre a escassez das NFTs.

2. DisCo Co-Op se identificam como uma alternativa às DAOs.

3. Aqui estão mais dois posts com pessoas legais que habitam estes espaços. https://twitter.com/psruano/status/1470469405737893891?s=20  e https://twitter.com/psruano/status/1470469518510206982?s=20

4. Isso chega a uma divisão profunda que reflete as diferenças fundamentais entre anarquistas e teorias marxistas sobre como o capitalismo surge e é mantido sobre quais não temos espaço para adentrarmos. Entretanto, é válido apontar não só como dinâmicas de investimentos fundamentais existem para dar contra generalizações sobre como formas particulares de organização são ruins ou perigosas. Por exemplo, mesmo em uma utopia neo-estalinista não há possibilidade de que toda forma de capital especulativo seja impedida. Vão surgir mercados negros ao redor de literalmente qualquer coisa que possa ser movida (como de fato acontece onde o Comunismo Real Existe). Digamos que todos nasçam com direito à 1/(população total da nação)% do aço produzido por tal nação. Será que Marx-ciborgue-com-o-cérebro-num-jarro baniria as pessoas de dizerem “Ei, se você me der um pouco desse bom e velho aço que tens aí, vou construir uma máquina de bicicletas e dar três bicicletas pra sua família”? Eu espero que não! Odeia o empreendedorismo o quanto quiser, mas é bastante difícil se livrar dessas dinâmicas básicas de incentivo.

5. De fato há uma possibilidade deliciosa de que as cripto resultem em inovações sérias com relação ao financiamento de bens públicos e governança que elas vejam uma mudança significativa em termos de associações ideológicas na visão do público, se afastando de libertarianos e fascistas e se aproximando de esquerdistas simplesmente pois tecnologias de pagamento tem visto bastante inovação, e bens públicos ainda não, e portanto a esquerda tem mais motivos para de fato se empolgar com isso. Se isso acontecer, eu não vou contar vantagem por ter percebido antes. Só um pouco.

6. É válido apontar para o viés extremo da pessoa que apresentou este argumento.

7. Eu totalmente não sou capaz de dar conselhos financeiros e nada aqui deveria ser considerado conselho financeiro. É tudo apenas para fins de entretenimento. Entretanto, aqui está um guia feito por um amigo para balancear risco e diversidade nas cripto assim como algumas dicas gerais úteis sobre como pensar sobre o ecossistema como um todo. E também, aqui temos um guia para entrar no ecossistema Olympus (OHM) DAO (incluindo Klima). Também vale mencionar que, eu geralmente imagino o público-alvo para meus escritos como sendo anarquistas e esquerdistas que me odeiam com todas as forças, por termos tantos valores compartilhados e ainda assim dizer tantas blasfêmias. Entretanto, eu também percebi que libertários/mutualistas/anarquistas de livre mercado/etc parecem não estar muito envolvidos ou interessados nestes espaços (ou mesmo em empreendedorismo) o que parece estranho mas eu suponho que vocês às vezes conseguem romper a paralisia teórica da academia? Agradeço a Jahed Momand por vir em meu apoio para a sessão sobre bens públicos, Frank Miroslav por adicionar muito, e um bando de amigos nerds que tem pensado sobre isso comigo e me ajudado imensamente a fortalecer este trabalho.

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Source: https://c4ss.org/content/60784


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